quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

COMO DAVI, OU COMO MICHAEL JACKSON?

Michael Jackson foi um artista extraordinário. Voz inimitável, coreografias surpreendentes, canções marcantes, produções tecnicamente impecáveis. Além disso, apesar das polêmicas e controvérsias de sua vida fora dos palcos, não me lembro de que ele tenha misturado religião e passos do "moonwalk" (o famoso andar deslizando para trás).

O Raiz Coral, ligado à música gospel, venceu a semifinal do concurso "Qual é o Seu Talento?" (QST), do SBT. Nessa etapa do programa, o coral cantou e dançou uma música em que alguns trechos da letra dizem "Se o espírito de Deus habita em mim, eu danço como Davi/eu salto como Davi". A canção original diz "Eu canto como o rei Davi". Mas a dança apresentou os passos do "moonwalk".

O que o Raiz Coral queria dizer é: Se o espírito de Deus se move em mim, eu canto como Davi e danço como Michael Jackson?

A comparação é muito forte? Então, olha o que disse um dos jurados do programa, Carlos Eduardo Miranda com sua maneira particular de ser franco: "Se falar em termos cristãos, vocês beiraram a presepada. Coisa pra enganar os outros. Vocês vieram [na etapa anterior] com jeito mais sutil e agora "louquearam" [enlouqueceram] tudo. Ficaram gritando como vendedor de geladeira, de liquidificador... Não precisa disso. Deus chega mais maciozinho".

Outro jurado, Thomas Roth, discordou de Miranda e disse: "Faz isso quem pode. Não é pra qualquer um".

Já que a habilidade e a competência do Raiz Coral são inegáveis, a crítica do Miranda foi para a mistura musical e coreográfica de Davi com Michael Jackson. Talvez se o coral tivesse cantado e coreografado uma música secular, como fez o concorrente com a clássica "Yesterday", o jurado teria outra opinião.

Sem querer, os dois jurados representaram duas vozes dissonantes quando o assunto é música cristã. Miranda preocupou-se com as referências que podem vir junto com a música. Ele viu a música como um todo (música, letra, voz, gestos) e não como um mero acessório da performance.
Roth deu atenção às habilidades e competências para apresentar uma música.

Miranda achou que uma performance tem poder para diluir ou desarticular uma mensagem religiosa.
Roth entendeu que a mensagem deve ser observada à parte do talento para apresentá-la.

Alguns podem dizer, Ah, mas Davi dançou quando trouxe a arca de volta para Jerusalém! Sim, dançou. E tem gente que vai rebater, É, ele dançou mas sua mulher [Mical] o repreendeu! Viu como é fácil polarizar o debate? Começo respondendo que Davi dançou, mas sua esposa não o repreendeu porque ele estava imitando passos de um popstar sensacional. Até porque o conceito de popularidade não era esse nos tempos do antigo Israel.

Alguns comentaristas bíblicos dizem que Davi tirou suas roupas de líder real/militar/sacerdotal e se uniu ao povo como um simples adorador. De acordo com esse argumento, naquele momento ele estava dançando, mas não era um dançarino. Ele estava tendo uma atitude de adorador e não fazendo pose.

Não é possível atender completamente às expectativas e entendimentos da noção distinta que as pessoas têm do que é sagrado ou adequadamente cristão. Além disso, muita gente acha que certas críticas ao mundo gospel não trazem benefício algum ao evangelho. Mas o produtor musical Carlos Eduardo Miranda fez uma crítica direta, sem meias palavras. Faríamos bem em dar ouvidos ao clamor das pedras de vez em quando.

Por André Gonçalves

Um comentário:

  1. Adorei o documentário.. Muito interessant e profundo, ao mesmo tempo; simples e fácil de se compreender..


    O MIRANDA FALOU TUDO.


    Juro que à principil(na premeira aprensentação),
    achei que eles(Raiz Coral), foram até bem...


    O engraçado, que depois fiquei me perguntando.. O raiz coral e tals.. no SBT, hum.. ja me cheirava mal, aff...


    Admito que ouço musicas deles. Algumas das antigas; Lindas canções, profunda de mais as letras.. etc.


    em fim..
    que feio tudo isso o que ocorreu.


    Misericordia Senhor.

    etc.

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